A arte de conseguir expressar o que sente

Tempos atrás, expressar a opinião fazia a pessoa correr grande risco de ser assassinado em praça pública. As pessoas não tinham voz e somente quem era do Poder é que tinha o direito de se expressar.
Hoje em dia, a liberdade de expressão está muito melhor. Muito se pode falar, porém percebo que no fundo as pessoas não querem saber a verdade. As pessoas dizem que querem ter por perto pessoas de confiança, que falam o que pensam, até terem uma conversa franca, para que muitos relacionamentos se acabem.
É uma cultura da falsa amizade, da falsa parceria, do comodismo, de ser mais fácil concordar do que falar a verdade e entenderem que opiniões diferentes podem vir para agregar, para refletirmos, para entendermos que as pessoas tem ideias diferentes ou até mesmo para reavaliar se vale a pena continuar o relacionamento.
Muito se disfarça no dia a dia, muitos sorrisos falsos e quando se chega em casa, precisa desabafar para alguém (vomitar) toda mágoa, insatisfação e essa pessoa tem que ser seu cúmplice e não pode discordar de você. Como se fosse uma lata de lixo, se despeja tudo o que tiver de ruim. Ela seria apenas uma pessoa para concordar com todas as lamentações, sem poder trazer reflexões, senão já teria problema.
Aí você pensa: não quero ser o que vomita nos outros e nem o que só escuta e concorda. Vou agora expressar meus sentimentos.
Porém, você percebe que as pessoas não gostam. Elas querem a pessoa que não reclama de nada, que está pronto para tudo, que aceita sem reclamar e com bom humor.
E às vezes, a mesma pessoa que fala para você se posicionar é a que se afasta quando você diz sua opinião.
É uma saia justa viver onde você sabe que tem que se posicionar e dar limites, mas tem que saber a hora, as palavras, o jeito, a pessoa, a intenção, a energia e as consequências.
Percebi que temos um “preço” a pagar por expressarmos nossos sentimentos, descontentamentos e discordâncias.
E a pergunta que fica é: Estou disposta a “pagar o preço”?
Esse preço pode ser de fortalecer ainda mais o relacionamento e fazer algo positivo, porém pode ocorrer de um nunca mais voltar ao “normal”, como até mesmo acabar a amizade, casamento ou emprego.
E por medo de perder a pessoa, às vezes optamos por não falar e viver um relacionamento de mentira e você se sentir omisso e falso.
Podemos até formular a matemática certa, mas terá dias que iremos errar na dose. Falaremos demais ou falaremos de menos. Seremos o grosso, implicante, dramático, o “sem sentimentos”.
E outra pergunta que reflito: O quanto eu quero saber a verdade?
O quanto fico chateada com a verdade e alimento este ciclo de não me fale e desabafe para o outro?
Não tenho a solução, mas sei que refletir ajuda a superar e aprender a cada dia lidar melhor com as pessoas e consigo próprio.
Muitas traços para superar e muito o que aprender.